sábado, 10 de setembro de 2011

Saudades...

Me lembro como se tivesse acontecido ontem.

Um dia antes estava trabalhando na TV quando coloquei os pés na rua às 16hs e comecei a receber um monte de mensagens no celular de ligações perdidas. Números da minha casa, irmã, pai, irmão, tio, meu coração começou acelerar e eu tremia muito, voltei correndo pra redação branca, assustada sem saber o que estava acontecendo. Quando consegui falar com minha mãe: "Pati sua avó caiu, bateu a cabeça e está internada na Santa Casa fazendo vários exames". Comecei a chorar na hora, algo dentro de mim me dizia que isso não terminaria bem. Meus amigos da Clube me de deram muita força o diretor me liberou mais cedo. Fui correndo para o hospital.

Ficamos lá até umas 20hs, quando o médico saiu e começou a explicar os procedimentos cirúgicos. Precisei me ausentar, minha pressão caiu, tive que sentar e tomar água. Comecei a chorar sozinha, sabia que o pior estava por acontecer. Mas a esperança é sempre a última que morre.

Voltamos para casa e meu pai quieto sem abrir a boca, afinal depois de três dias seria comemorado o aniversário dele.

Dia 10 de setembro - 09:30 - Ouvi o telefone da casa da minha avó tocar e na hora comecei a chorar. Minha irmã ouviu e perguntou o que tinha acontecido, eu abaixei a cabeça e disse: "Nada não Jú, só um pressentimento ruim". Dito e feito, depois de 10 minutos minha tia ligou em casa e pediu para avisar meu pai para ele ir pro hospital. O médico queria falar com a família. (Já sabia que o pior tinha acontecido)

Uma hora depois, ele chegou em casa inconsolável. Minha mãe só chorava e foi aí que recebemos a notícia de seu falecimento. Meu mundo acabou aquele momento, não conseguia pensar em mais nada. Um dia antes, ela tinha brincado comigo, tudo estava perfeito e por causa de uma queda ela morreu. Era de não acreditar. Queria estar sonhando, mas na verdade tudo era real.

O telefone tocou e queriam saber se poderíamos doar as córneas, sem pensar eu respondi: "Claro vou aí no Cemel assinar os papeis". Só não imaginava que seria tão dolorido entrar naquele lugar. Mas criei forças e meu irmão me levou. Depois minha mãe, minha tia e eu fomos até a casa dela para pegar uma roupa e parece que ela estava pressentindo. Tinha deixado esticado em cima da cama um vestido creme com botões brilhantes. Olhei para elas, peguei o vestido e disse: "É esse mesmo".

Horas mais tarde estávamos lá, em volta dela. Parecia que nada tinha acontecido, parecia que estava dormindo. Sua pele estava sedosa e seu aspecto sereno. Minha mãe contou que desde o momento que ela viu minha avó atordoada e saindo sangue pelo ouvido percebeu que algo estava estranho. Minha avó era Budista (fervorosa) e do momento que sofreu a queda até ficar inconsciente no hospital não parou de orar um minuto sequer. "Nam Myo Ro Rengue Kyo" e foi assim que ela se foi.

Minha Madrinha, Avó, Conselheira, Amiga e uma pessoa incrivelmente batalhadora. São tantas qualidades que ficaria até amanhã escrevendo. Foi com ela que aprendi a não deixar o arroz ficar com gosto de queimado, aprendi a lavar roupa e a cozinhar; aprendi a ser corajosa e meiga; aprendi a ser perfeccionista e não deixar nunca, ninguém esperando. Aprendi que somente com muito amor e carinho conseguimos tudo na vida.

E ela com aquele jeitinho "mandão" de ser conseguiu uma família extremamente maravilhosa que unida chorou, sorriu, lembrou e hoje leva para sempre um pouquinho dela no coração.

Um ano pode parecer pouco tempo quando perdemos uma pessoa que amamos, mas pode ser também muito tempo para aprendermos as lições da vida. Nesse um ano minha vida virou de cabeça para baixo e hoje voltou aos eixos. Em 12 meses, aprendi a ser uma pessoa melhor!!!

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